quarta-feira, 30 de março de 2011

sinceramente

Não há nada mais bonito do que ser independente
E poder se conquistar, sair, chegar, assim tão simplesmente

Não há nada mais tranquilo do que ser o que se sente
E poder amar, perder, chorar, depois ganhar assim tão livremente

não há nada mais sozinho do que ser inteligente
e poder cantarolar, errar, desafinar, assim sinceramente


Sinceramente
Sérgio Sampaio

quarta-feira, 16 de março de 2011

eu sou a bailarina da caixinha de jóias

eu sou a bailarina da caixinha de jóias
quando você lembra dá a corda para eu continuar dançando

eu sou a bailarina da caixinha de jóias
danço sempre a mesma velha música, dou voltas em torno de nada e nunca saio do lugar

eu sou a bailarina da caixinha de jóias
cada vez fico mais e mais sozinha nessa caixa pois tiram de mim tudo o que guardo comigo

eu sou a bailarina da caixinha de jóias
só danço conforme a música e o abrir e fechar da caixa

eu sou a bailarina da caixinha de jóias
quando você está triste me põe para dançar e dividimos da mesma melodia, mesma melancolia

eu sou a bailarina da caixinha de jóias
minha existência tanto faz, só serve para florear, tornar mais belo uma coisa tão banal

Enquanto eu estava lá

E lá se foi o tão tranquilo, calmo e sereno sono. Quem me dera ter continuado a dormir e ter continuado entregue ao sonho que calmamente, gentilmente me conduzia a um paraíso tranquilo, confortante, silencioso, solitário, mas acolhedor e envolvente.
Acordei e voltei para isso que tanto quero que seja como o sonho que sonhava. Despertei sozinha esfregando os olhos, sonolenta e lenta, forcei-me a sair da cama para beijar minha realidade, achei que valeria a pena o esforço de levantar da minha preguiça, achei que seria tão bem vinda que a felicidade compensaria a preguiça, esperei por ser querida e amada como no sonho. Engano, a realidade me chacolhou despertando-me finalmente.
Volto para a cama frustrada, sozinha. Pela segunda vez nessa noite me deito sozinha numa cama com tanto espaço, tão fria. Ouço apenas o som da sua respiração na sala ao lado. Olho pro céu, essa noite é sem estrelas, sem luar, só nuvens e garoa. A noite se parece com a noite que caiu dentro de mim, fria, solitária, escura, só o ensurdecedor som dos uivos caninos me embalam o sono. A noite é tão fria que não há nenhum canto a jubilar, nem o dos grilos.

terça-feira, 1 de março de 2011

vem

vem, venha assim mesmo, como você é e vamos juntos pra qualquer lugar. vamos juntos sentir o sabor do vento quente nos acariciar o rosto e bagunçar os cabelos. vem, vem e me leva daqui desse frio e dessas nuvens que não me deixam enxergar mais nada além de espessas bolas de fumaça.

daquele pesadelo disfarçado de sonho não quero mais lembrar, não, não quero lembrar jamais, de mais nada. quero eliminar esse tema das conversas, de mim, da minha vida. naquela vida que levei, nenhuma decisão eu tomei, fui só fruto de manipulação, fui só uma cobaia, um bichinho... um bichinho pra fazer alguém rir, fui só uma personagem numa peça de tortura em que a platéia via indignada a obra de um diretor maquiavélico.

sei que em qualquer lugar, em qualquer sorriso pode estar escondida a minha felicidade. parceria, carinho, respeito, coisas que geram a felicidade, coisas que fazem duas pessoas dividirem uma vida uma com a outra com honestidade e amor. a cada dia que vivo sou abençoada com essa dádiva de ver que isso existe... pessoas não só sorriem pra mim, mas me dizem coisas boas, me apontam novos caminhos, me dão esperanças. não, não sou condenada a viver assim por causa dos erros que cometi, é estúpido demais pensar assim. já paguei o que devia com meu sofrimento, agora basta!

vem, vem como você for... vem pra me levar pra longe das minhas lembranças. vem pra gente dar uma volta por aí, sem rumo, sem prumo, só pra olharmos a vida que existe em volta de nós e vermos que nesse mundo a gente acha tudo o quer quer, basta não se prender.