dias depois a saudade volta
as lembranças boas vêm
e dói olhar em volta
dói ver que tudo do que se lembram são das catástrofes
nenhum dia de sol e de alegria é valorizado
nenhum gesto, nenhuma risada, nenhuma lágrima derramada é lembrada
sequer uma parte de mim é desejada
sequer a minha voz é escutada
tudo o que existiu de bom agora é negado
aquilo que guardo em mim nunca existiu
tanto nunca existiu que tu nem lembras
me sinto um prato cuspido
e como se nao bastasse, difamado e batido
o que a gente usa é apenas uma fuga
fuga que leva tao longe e faz esquecer tanto
que a gente esquece da alegria, dos sorrisos, dos amigos
o que juntamos é apenas a louça na pia e as garrafas vazias
o que a gente usa só traz a mente as catástrofes
só traz a mente o sangue correndo nas veias esperando por um alívio
um lugar novo, quem sabe, um tempo distante ou um velho desconhecido
quanto mais a gente foge, menos percebe que o que mais quer é voltar
prosseguindo com a fuga o tem em frente é desconhecido, é vazio e escuro
a escuridão é cheia de promessas de conforto mas a sensação é de pânico
pânico por não saber se o que se viu, o que se ouviu e se viveu será repetido
não sei se fujo ou se fico
quem sabe eu só deva procurar um abrigo
quem sabe eu só precise de um conselho amigo
quem sabe isso seja só uma busca de alívio
quem sabe?
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